A sociedade contemporânea se vê cada vez mais imersa em discursos populistas. A ascensão desse fenômeno político gera inquietações e questionamentos sobre suas raízes. O que leva um cidadão a apoiar um líder populista? O que está por trás de um movimento que apela tão intensamente às emoções e à insatisfação popular? Um novo livro de um professor da UFRJ traz à luz um aspecto fascinante: a relação entre o populismo e as promessas não cumpridas. Neste artigo, vamos explorar esse conceito e suas implicações na política e na sociedade.
A essência do populismo
O populismo não é apenas uma estratégia política; é um reflexo das expectativas e frustrações de um povo. Segundo o autor do livro, uma das principais causas para o surgimento desse fenômeno é a promessa não cumprida pelas autoridades. Essa promessa, que muitas vezes surge em promessas de campanha ou compromissos públicos, cria expectativas que, ao não serem atendidas, geram um terreno propício para que ideologias populistas floresçam.
Essencialmente, o populismo se caracteriza por um discurso que se coloca como a voz do “povo” contra uma “elite” percebida como opressora. Essa dicotomia entre o povo e a elite é um dos pilares que sustenta a retórica populista. E é aqui que a promessa não cumprida se torna uma arma poderosa. Quando as promessas de uma administração não se concretizam, o espaço se abre para que líderes carismáticos possam capturar essa insatisfação e direcionar as emoções do povo.
O ciclo vicioso da frustração
O estágio inicial desse ciclo vicioso começa com a promessa não cumprida. Quando um líder, seja político ou empresarial, promete melhorias que não se concretizam, a população sente-se traída. Essa frustração não é apenas uma resposta emocional, mas uma reação lógica diante de uma expectativa mal construída. As pessoas buscam mudanças e, quando estas não acontecerem, a decepção se instala, criando um ambiente favorável ao aparecimento de novas figuras que prometem resolver essas pendências.
O papel do discurso populista
Os discursos populistas têm uma habilidade notável de captar e amplificar essa frustração. Eles não apenas reconhecem a insatisfação do povo, mas também prometem mudanças drásticas que, muitas vezes, são simplistas e ilusórias. Essa é uma característica fundamental do populismo: a simplificação de problemas complexos. O populista apresenta soluções que parecem fáceis e rápidas, garantindo uma resposta emocional em um momento de angústia coletiva.
As estratégias utilizadas frequentemente apelam para o medo do coletivo. Quando o populista diz que a elite está contra o povo, ele efetivamente cria um inimigo em comum. Essa mobilização do povo em torno de uma narrativa de luta contra “os outros” torna a conexão emocional ainda mais forte.
A importância da educação e do pensamento crítico
Um ponto crucial levantado pelo livro do professor é a necessidade da educação como um antídoto contra o populismo. O fortalecimento do pensamento crítico nas escolas e entre a população em geral pode atuar como um escudo contra os discursos que se aproveitam de promessas não cumpridas e emoções exacerbadas. Quando as pessoas são educadas a questionar, a pensar de forma independente e a analisar criticamente as promessas feitas, elas se tornam menos suscetíveis a lideranças populistas.
A educação, portanto, deve ser encarada não apenas como uma ferramenta de conhecimento, mas como um instrumento de defesa contra a manipulação das emoções e promessas vazias.
Superando o populismo
Para além de compreender as raízes do populismo e a relação com promessas não cumpridas, é necessário pensar em caminhos para superar esse fenômeno. Isso envolve não apenas novas promessas e discursos políticos, mas também uma renovação da confiança nas instituições e no processo democrático.
A transparência, a accountability e a participação cidadã efetiva são fundamentais para restabelecer a confiança que foi perdida. Quando as instituições se mostram mais transparentes e envolvem a população no processo decisório, as promessas têm mais chances de serem cumpridas. Isso, por sua vez, diminui o solo fértil para o crescimento de discursos populistas.
Conclusão: O caminho a seguir
O livro do professor da UFRJ ilumina uma dinâmica complexa entre promessas não cumpridas e a ascensão do populismo, levantando questionamentos essenciais sobre a política contemporânea. Devemos refletir sobre como nossas expectativas são moldadas e o papel que a educação e a transparência no governo desempenham nesse cenário. Para avançar, é imprescindível promover um diálogo aberto e honesto, podendo assim reconstruir a confiança nas promessas feitas e na política como um todo.
À medida que nos tornamos mais conscientes das dinâmicas que nos cercam, podemos criar um futuro onde a política não seja apenas uma arena de promessas vazias, mas um espaço de transformação genuína e compromisso.
Marcela Peixoto
Apaixonada por livros desde a infância, Marcela já leu mais de 2.000 obras ao longo da vida e se dedica a compartilhar sua paixão com outros leitores. Especialista em literatura contemporânea e clássicos atemporais, ela combina sua vasta experiência com uma visão autêntica e envolvente sobre cada história. Aqui, você encontrará dicas de leitura sinceras e análises que ajudam a escolher o próximo livro perfeito para sua estante.





